Amor é prosa...Sexo é poesia!

Quanto tempo não acordo com essa saudade das palavras.... Com essa falta de sentar aqui e escrever sobre o que muitas vezes me incomoda ou me alegra. Hoje, particularmente é sobre algo que me incomoda ultimamente! Ao som da mamãe fazendo café na cozinha... Do pai dormindo no quarto ao lado da sala e de Adele na caixinha de som desse computador. Quero falar sobre essa coisa chamada AMOR!
Quando eu tinha meus 17, 18 anos achava que Amor era prosa, poesia, conto, tudo que me levasse a literatura... A algo que a gente viaje...Sente... E etc. E sexo talvez fosse negócio. Hoje aos meus 26 penso que o amor é negócio.
O amor perdeu a gratuidade, as pessoas dizem que "amam" por desejo de ter um amor que não sentem mais. O amor não tem mais porto, não tem onde ancorar. O amor deve ter ficado lá em um passado meio distante em que " as namoradas não davam". Estou quase acreditando que nessa época sim poderia ser amor. Há anos atrás trabalhei em uma escola que tinha uma faxineira que em sua humildade e na experiência de sua vida me falava quase todos os dias nos intervalos de aulas: "Cíntia amor é só um! Amor é eterno. Se um dia você não casar com "fulano" (ela sabia quem era)... você irá viver frustrada o resto da sua vida. Porque é ele que você ama! "
Eu brigava tanto com ela. Porque na minha concepção ainda o ser humano poderia amar várias pessoas. Jamais iria pensar que amor é só um na vida. Hoje em dia penso que SIM. Que só existe um amor na vida. O de mãe. Esse sim é incondicional. Não tem a troca de nada. Ela simplesmente AMA. Talvez esse seja um dos motivos de meu sonho de ser mãe ser tão ansiosamente esperado dentro de mim.
Amor parece exigir coragem! Nos meus anos de faculdade li Madame Bovary de Gustave Flaubert. Esse livro marcou muito minha vida. Aquilo sim parecia amor... Tinha coragem.... riscos... Tinha ainda o "Deus sabe quanto amei!" e não como se diz hoje "Deus sabe quantos amei!" Mal sabia eu que ficaria só em minhas aulas de Literatura essa concepção. Porque na realidade hoje somos todos covardes! Não possuímos mais essa coragem de amar. A publicidade devastou o amor. Falando na "cerveja que eu amo" no perfume que me faz amar. Na lingerie que seduz. Há uma obscenidade flutuando no ar o tempo todo. E cadê o amor?
Ainda acredito que está aqui em casa... Ali na cozinha terminando o café da manhã e deixando a cozinha em ordem. Talvez preocupada com a Suellen que ainda nem chegou em casa. Com saudades do Anderson que foi embora pro interior e participando árduamente dos meus romances relâmpagos. Isso sim é amor! E se isso não for amor....O oceano secou! As Andorinhas não voam mais.
Me perdoe minha melhor amiga....Mas a conversa que tivemos ontem com a cia de nossas cervejas me fez acreditar ainda mais que o amor passa a buscar não mais uma entrega, mas um domínio! O amor virou um objeto de consumo. Depois da mensagem que você me mandou quando eu vim embora só pensei: " O amor deixa muito a desejar. O amor existe hoje como uma espécie de adoçante para justificar uma conquista! Os amores duram três edições de Caras. No seu caso não seria na revista né?! Amiga linda...eu estarei muito feliz de madrinha em seu casamento como você falou ontem... porém dentro de mim com tudo isso circulando como um redemoinho em minha cabeça.
Estamos com fome de amor cortês, num mundo em que tudo parece perder a aura. Porém ninguém está aguentando mais somente utilidade, negócios, poder e sucesso. Estamos virando coisas. Precisamos aprender a amar de novo as pedras, as árvores, as nuvens....até chegarmos ao ser humano.